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  'Macho Man' terá nova temporada na TV Globo

Jorge Fernando conta como construiu Zuzu, o ex-gay que se apaixona pela melhor amiga, e diz que a série faz sucesso porque seu personagem não vira o 'macho man'

Nelson e Valéria, personagens de Jorge Fernando e Marisa Orth em Macho Man, vivem uma relação de amor nada comum. Depois de sofrer um acidente que o fez passar a se interessar por mulheres, o ex-gay se envolveu em inúmeras tentativas frustradas de encontrar a mulher ideal, e, na atual fase do seriado, descobriu-se apaixonado por Val. A série de Fernanda Young e Alexandre Machado tem agradado o público. Os 17 pontos de audiência são o melhor desempenho no ingrato horário da sexta-feira às 23h desde Os Normais, dos mesmos autores (e também dirigida por José Alvarenga), série exibida entre 2001 e 2003. E asseguraram às peripécias de Nelson e Valéria algo cada vez mais raro na emissora: a garantia de uma segunda temporada. Macho Man, que entra de férias no dia 15 de julho, já tem datas prováveis para voltar à grade de programação: “Volta no final deste ano ou em abril de 2012” adianta o protagonista Jorge Fernando. A série é ancorada no desempenho de Jorge Fernando, que largou temporariamente a direção de novelas, para dar vida a Nelson, ou Zuzu, como prefere ser chamado. Ele tenta com afinco aprender o jeito masculino de ser, mas mantém a expressão corporal, o jeito de falar e de olhar de seu período gay. A negação do macho-man é o coração do sucesso da série, diz Jorge. “Se a gente tentasse explicar se existe ex-gay, o Nelson sofresse o acidente e virasse machão, mudasse as roupas, e acabasse o conflito, a história acabaria. Acho que o programa vem agradando ao público porque discute uma relação de amizade. Seja homem com mulher, com dois homens, duas mulheres, dois homens, todo mundo tem uma relação de amizade com alguém”, diz. Em entrevista ao site de VEJA o ator ainda falou sobre como está sendo a volta à função de ator, depois de vinte anos dirigindo; o futuro de Macho Man; e da acusação de plágio das escritoras Ticiana Azevedo e Consuelo Dieguez, que enviaram uma notificação extrajudicial à Globo acusando Alexandre Machado e Fernanda Young de terem copiado a idéia e, até, diálogos do seriado do livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela – Guia Prático para Identificar um Gay no Armário. Como está sendo o retorno à carreira de ator, vivendo um protagonista, depois de vinte anos atuando por de trás das câmeras? Deu vontade de ajudar na direção? Agora está mole. No início a gente ficava tateando, mas eu me entreguei nas mãos do Alvarenga. Ele é um diretor que gosta de dirigir ator e isso me deu tranquilidade. Eu não queria que a minha cabeça de diretor influenciasse em nada. O que fiz foi me preparar ao máximo para o que ele me pedir eu realizar sem impor a minha posição. Esse foi o maior exercício. Entrar em um estúdio e não falar: “Atenção, vamos lá’ é fogo pra mim’’. Foi um exercício maravilhoso de humildade mesmo, de se colocar no papel de ator e respeitar o papel de quem está conduzindo e não dar nenhum tipo de pitaco. Agora no final é que eu estou botando uns cacos e vendo se ele aprova. Quais foram os outros desafios para dar vida ao Nelson? Eu tive que emagrecer dez quilos, porque bicha gorda é feio. Eu não queria ficar preocupado em ficar de lado e tirar a roupa. Não é que eu emagreci tanto. Mas eu perdi dez e me deu uma leveza maior. A coisa de caminhar virou uma rotina na minha vida. Porque antes eu não fazia nenhum tipo de exercício. Agora eu caminho diariamente na praia. Existe ex-gay? Eu não vou citar nomes, mas eu conheço gente que sim, que está casado há 30 anos e feliz. Porque não basta deixar de transar com outros homens e passar a gostar de mulher. É mudar a opção e ser feliz. Você acha que é esse debate que está chamando a atenção do público e rendendo boa audiência para o seriado? As piadas no programa são muito mais sobre heterossexuais do que sobre gays. Eu acho que não tem mais esse susto, se você faz com verdade. O que acabou foi o estereótipo. Para interpretar gay tem que fazer tal trejeito, tal voz. Antigamente tudo se resolvia na forma. Hoje em dia não; o mais engraçado é ser normal. Tanto que no início eu achava que o Nelson mudava o jeito, e fiquei preocupado, mas depois que vi que ele continuava igual, só mudava a opção sexual, achei muito mais rico em termos de dramaturgia. Seria muito mais fácil se ele levasse a porrada na cabeça, virasse hétero, deixasse de ser gay, mudasse as roupas, e acabasse o conflito. Aí acabava a série. Acho que o grande barato é ele mudar de opção e não mudar o seu jeito de ser. Em que você se inspirou para compor o personagem? Eu venho de várias direções de gays. O primeiro casal da tevê brasileira fui eu que dirigi. Jeferson e Sandrinho (de A Próxima Vítima). Há pouco tempo eu fiz o André Arteche em Ti-Ti-Ti. Então eu já venho buscando esse gay naturalista, com mais livre interpretação de quem estar vendo, com várias leituras. Eu estudei sem saber que estava estudando. Eu vim aprendendo a vida inteira com os atores que eu dirigi. Eu vinha de dois personagens muito fortes, vindo do Alexandre Borges e o Murilo Benício. Quando eu senti a necessidade de usar esse material mais inteligente numa composição, eu vi que eu estava super afiado. Porque, esse tempo todo em que eu estava sem atuar em grandes papéis, estava ensaiando como diretor. Quando eu vou falar, penso: “Opa, essa pausa é do Luiz Fernando Guimarães, é do Murilo Benício, esse jeito de falar é da Cláudia Raia. Cada grande ator que eu dirigi ficou um pouco em mim”. Em um ano em que outras apostas noturnas da Globo foram tiradas do ar antes do tempo, ‘Macho Man’ bateu recordes de audiência recente da emissora e já tem uma nova temporada programada. Qual a fórmula do sucesso? O sucesso do programa é resultado apenas das pessoas rirem dele. O humor mudou. Hoje em dia é difícil você ver as pessoas gargalharem, e isso a gente conseguiu. Muita gente me para na rua, principalmente os héteros, os homens mais broncos, para me dizerem que morrem de rir com o Zuzu. Isso é uma coisa na qual ou a gente acerta ou não acerta. O tom que o ator escolhe para dar a piada, o tom que diretor escolhe para a cena. Eu acho que esse foi o acerto, o tom que o Alvarenga escolheu para o texto do Alexandre e da Fernanda. Eu, que sou super crítico, morro de rir quando assisto. Você temeu que o programa não emplacasse? Com 55 anos eu não tenho mais medo não. Faço por prazer. Se dá certo é ótimo. Senão é tchau, até logo, vem aí Derci Gonçalves. Parto para outra coisa. O que não é o caso. Nesse deu certo e a gente já está planejando a próxima temporada. O programa sai do ar 15 de julho e deve voltar no final do ano ou em abril de 2012. Quais são os planos para os próximos meses? Vou tirar umas pequenas férias e devo começar a gravar em agosto. A Maria Adelaide Amaral já está começando a escrever este mês Derci Gonçalves, que vai ser um especial que eu vou dirigir no segundo semestre. Também estou preparando um novo espetáculo para o teatro, para substituir Boom que já está na estrada há 12 anos. O nome do próximo vai ser Salve Jorge Fernando, que é um apanhado da minha carreira, da minha história. Já estou começando a escrever e sou eu mesmo que vou dirigir e atuar. O que podemos esperar da próxima temporada de Macho Man? Zuzu e Val vão se casar? Pode acontecer de tudo! Numa próxima temporada pode pintar até um bebê. Talvez eu possa engravidar. (Risos) Daí eu não vou precisar malhar para perder a barriga. Como vê as acusações de plágio por parte das escritoras Ticiana Azevedo e Consuelo Dieguez, autoras do livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser uma Cinderela – Guia Prático para Identificar um Gay no Armário? Esse assunto não me diz respeito, mas eu acho que não tem como ser plágio. As idéias estão aí. Acho que deve ter na Alemanha ou na Croácia uma história parecida. O cotidiano é tão parecido no mundo inteiro. Ainda mais agora que as coisas acontecem milhões de vezes mais rápido. Antigamente as obras eram muito mais comportadas porque demoravam a acontecer. As pessoas guardavam uma carta. Hoje você não guarda um e-mail, você deleta. A quantidade de coisas que você conversa em cinco minutos é muito maior. Acho que não tem mais tempo para nhém-nhém-nhém, de ficar buscando pelo em ovo para criar polêmicas. Isso já foi!